ARTIGOS, NOTÍCIAS E REPERCUSSÕES SOBRE SEGURANÇA PÚBLICA.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

“Reação”: a justificativa para a crueldade.

Uma rápida passada pelos jornais e páginas eletrônicas de notícias mostra uma indisfarçável tendência jornalística a, quando da cobertura de latrocínios (matar para roubar), registrar que a vítima teria reagido, daí porque morreu. Porém, quando se faz um aprofundamento do caso, mesmo pouco se distanciando de sua superfície, prontamente se constata que a chamada “reação” em absolutamente nada se correlaciona com uma atitude da vítima contra seu agressor.

Para a mídia em geral, infelizmente, o que se vê é o rotulo de “reação” para absolutamente toda conduta que a vítima tiver, mesmo que esta seja de natureza absolutamente pacífica. Se abaixar, por as mãos no rosto, sobressaltar-se de susto, chorar, enfim, tudo que a vítima fizer que desagrade o bandido é rotulado de “reação”. O que, então, se espera de alguém sendo assaltado?

Este tipo abordagem presta um enorme desserviço à sociedade, transferindo, absurdamente, para a vítima a responsabilidade por ter sido morta. É como se uma vítima de latrocínio fosse um suicida, pois qualquer conduta que tenha pode ser vista como reação e, o mais assustador, ser usada para justificar a ação de um criminoso cruel, impiedoso.

Ao enfocar que uma vítima reagiu, sem conferir que reação teria sido esta, os veículos informativos acabam por legitimar a ação de criminosos. Seria como se estes estivessem em seu regular exercício profissional e tivessem sido “atrapalhados” pela vítima, justificando sua eliminação. O foco é errado, absurdo, verdadeiramente surreal.

Em qualquer latrocínio, o que importa é que uma vítima foi morta por um bandido, que vive à margem da lei e que não tem autorização absolutamente nenhuma para matar, seja lá o que a vítima tiver feito. É preciso por fim a essa cultura verdadeiramente ridícula de rendição, de valorização do bandido. Bandido é bandido e ponto. Se matou, não tem justificativa nenhuma, pois até mesmo se uma real reação tiver havido, ele é que deveria morrer. Isso é o certo, o resto é sensacionalismo a favor da bandidagem.

Fabricio Rebelo | bacharel em direito, pesquisador em segurança pública, diretor do Movimento Viva Brasil e colaborador do blog @DefesaArmada.

Um comentário:

  1. Excelente posição, realmente pouca gente se presta a pensar por este ponto de vista. Parabéns pela matéria.

    ResponderExcluir